Cobertura: I Semana Atravessamentos ERER+



Do dia 07 a 11 de Outubro realizamos na E. E. Dr. Américo Marco Antonio a I Semana Atravessamentos ERER+ idealizada e organizada por Prof. T. como parte do plano de ação de 2020. 

Considerando todo sucateamento - político, ético, estético, material, etc - da educação pública, somadas das tentativas autoritárias de censura, convidamos agora para que vocês leiam essas palavras e vejam essas fotos com consciência do evento que se construiu e o seu respectivo contexto. Em qualquer momento do tempo esse evento teria sua relevância, fazê-lo agora, diante de tudo o que temos assistido no país, nos é vital. Para o presente e para o futuro.  

As atividades foram oferecidas gratuitamente para comunidade escolar e, como tem sido costumeiro em nossas ações, estudantes de outras unidades escolares se achegam e ex-estudantes da nossa própria unidade retornam. O que é sempre algo bonito de se assistir. Cada ex-estudante que entra pela sala com um sorriso no rosto é um retorno que nos confirma o sentido do nosso trabalho. A educação e a escola precisa ter um sentido. 

Os temas que foram trabalhados durante a I Semana Atravessamentos ERER+ foram decididos coletivamente em reunião no começo do ano. Importante sublinhar que houve um trabalho horizontal que começou meses atrás. 

Os únicos patrocinadores e apoios que tivemos foram nenhum. O evento se fez pelo desejo maior e urgente de se construir práticas educacionais plurais e transversais que colaborem com o processo de formação crítica em conexão com os direitos humanos e dos animais. Os livros que foram doados durante as atividades, foram cedidos pelas professoras que participaram voluntariamente do evento. Um carinho bom. 

Durante os dias do evento contamos com as exposições dos trabalhos de estudantes dos sétimos anos, turmas orientados por Prof. T. em 2019. Os trabalhos são construções de jogos que fomentam - através do lúdico - a visibilidade negra nas mais diversas áreas  da vida e da cultura humana. Foi possível perceber que um simples jogo da memória tem o poder de colaborar em trazer para a escola as memórias de escritoras, pensadoras, atletas, cientistas e políticos negros, com suas respectivas histórias e contribuições na luta contra o racismo. A exposição acompanhou todos os dias da nossa semana.  















Também contamos com a exposição de trabalhos das turmas dos 9º anos orientados pela Prof. Fernanda Pacheco que ministra a disciplina de História. As peças em formatos de zines, jornais, panfletos, tratavam dos estudos sobre a Ditadura Civil e Militar no Brasil.  




Na segunda-feira (07), as atividades da semana começaram com a exibição do documentário O Silêncio dos Homens (2019) dirigido por Ian Leite e Luiza Castro





Na sequência da exibição do documentário iniciou-se a roda de conversa mediada por Prof T. sobre Masculinidade Tóxica. Contamos com a visita especial da Carolina Oliveira, professora coordenadora do núcleo pedagógico da Diretoria de Ensino de Osasco. Um grande momento de reflexão e diálogo sobre a construção da masculinidade na história. 












































Na terça-feira (08) iniciamos com a palestra Prevenção de DST's e gravidez precoce com a Prof. Beatriz Zanon que ministra a disciplina de Ciências e Biologia. A discussão ultrapassou o campo biológico e problematizou as questões sociais que impactam as doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez precoce. Foi um momento muito importante e que tratou inclusive sobre as violências sexuais, no sentido de mais um alerta necessário. Com um espaço aberto para diálogo, dúvidas foram sanadas de forma bem humorada, lúdica e, principalmente, educativa. 

O fim da palestra contou com sorteio de dois livros relacionados as temáticas debatidas.  
































Na sequência da palestra tivemos a exibição do documentário Meu corpo é político (2017) dirigido por Alice Riff. A atividade foi possível graças a existência da plataforma Videocamp, que tem um catálogo de filmes extremamente rico em relevância. 









Na quarta-feira (09) iniciamos as atividades do dia com a palestra O que é redução de danos? com Prof. T.. A discussão apresentou os pontos centrais do conceito de redução de danos e abriu uma importante discussão sobre a guerra às drogas. A proposta foi criar um espaço seguro de diálogo, que fosse ao mesmo tempo informativo e educativo e, que, passasse distante do senso comum autoritário e punitivista. O debate foi rico com uma importante intersecção sobre raça e classe. 
































Após a palestra contamos com a exibição do filme Bicho de sete cabeças (2001) dirigido por Laís Bodanzky. Ao final da exibição fizemos uma pequena reflexão e que caminhou rapidamente para a perspectiva da luta antimanicomial.  







Na quinta-feira (10) começamos o dia com a exibição do filme Olhos Grandes (2014) com direção de Tim Burton. O longa é baseado na história da pintora Margaret Keane, cujo trabalho foi fraudado pelo seu marido nas décadas de 50 e 60. 






Após a exibição do filme recebemos a palestra Feminismos Plurais com a Prof. Fernanda Pacheco. Foi possível entender o conceito de feminismo e discorrer sobre sua respectiva pluralidade e, principalmente, da sua importância para a história humana. Conhecemos também sobre a vida e obra de Angela Davis e suas contribuições para as discussões sobre gênero, raça e classe. O debate atuou no sentido de esclarecer dúvidas e ouvir as vozes das pessoas presentes na sala. Alguns depoimentos rasgavam a tarde quente. Outras falas espalmavam as nossas caras. E o todo, fazia queimar em nossos peitos a esperança. Há esperança!

Marielle Franco, presente!

O encontro se encerrou com sorteio do livro de poesia de autoria da Prof. Fernanda
































Após a palestra tivemos o primeiro workshop da programação, O que pode o corpo? ministrado por Prof. T.. É preciso falar sobre os corpos e colocá-los em ação, ainda que muitas vezes a pausa seja a coisa. 

No encontro passamos por uma prática de relaxamento, alongamento e depois entramos naquilo que o artista Rodrigo Munhoz chama de bagunça. Talvez tenhamos entrado na bagunça desde que nos propusemos a explorar o que os nossos corpos podem. Colocando os nosso corpos para pulsar e ocupar os espaços de nossa unidade escolar de uma forma diferente. É incrível sentir quanta vida há. Em nós. Ao redor. 


































Na sexta-feira (11), último dia do nosso evento, começamos com a exibição do documentário A carne é fraca (2004) idealizado por Nina Rosa Jacob. O documentário trata dos processos da indústria da exploração animal até que ela chegue aos consumidores. 

Ao final da atividade fizemos a entrega do livro de Chimamanda Ngozi Adichie, sorteado no dia anterior. 









Após a exibição do documentário fizemos a roda de conversa com medição de Prof. T. sobre Relacionamentos abusivos e tóxicos. Momento de trocas e diálogos sobre questões que afetam as relações em suas mais distintas esferas. Foi possível identificar sinas de relacionamentos abusivos com a intenção de prevenção, tanto para não sofrer enquanto vítima quanto para não causar sofrimento enquanto abusivo. 




































E para encerrar a nossa semana, intensa e produtiva, passamos pelo workshop Veganismo de Quebrada com Prof T.. No encontro discutimos sobre uma alimentação livre de crueldade, com dicas básicas do que e como fazer no dia-a-dia, enquanto preparávamos nossa alimentação. Legumes, verduras, grãos e frutas nos alimentaram. E os afetos foram os materiais humanos que nos alimentaram durante a semana inteira. Que fiquem agora as reverberações e que as sementes que foram plantadas floresçam. Floresçam novas primaveras. 




















Deixamos aqui os nossos gigantescos agradecimentos para todas as pessoas que passaram pelas nossas atividades. Agradecemos especialmente as professoras Beatriz e Fernanda pelas maravilhosas participações. Deixamos também o nosso agradecimento para equipe gestora da E. E. Dr. Américo Marco Antonio por acolherem mais essa iniciativa nossa e colaborarem para que tudo acontecesse da melhor maneira possível.

Coletivo ERER+, avante! 


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