E lá fomos nós para a 12ª Festival Contemporâneo de Dança de São Paulo
Na quarta-feira (06) fomos participar da 12ª edição do Festival Contemporâneo de Dança de São Paulo. Saímos da periferia de Osasco e fomos parar na Av. Paulista. O festival de dança se realizou no Itaú Cultural, mas considerando que era a primeira vez de muitas pessoas do coletivo por aquelas áreas, resolvemos explorar os espaços com uma caminhada. Caminhar. Conhecer aquilo que era novo. Comparar. Sentir o peso da real e bruta desigualdade social. Se encantar com as novidades, sem se entorpecer com o brilho.
Também houve tempo para um passeio pelo entorno do MASP e visitar a Exposição Olá, Maurício! que está acontecendo no Centro Cultural FIESP.
Éramos um grupo de 12 pessoas. Onze estudantes e uma professora. Sair da periferia, pegar um ônibus, um trem, dois metrôs... É um grande deslocamento, não apenas geográfico. Ir participar do Festival Contemporâneo de Dança de São Paulo tem sido uma imersão com muitas aprendizagens que se realizam para além dos espaços acolhedores do teatro. E extrapola em muito as nossas relações com as artes, cidades e vidas.
Fomos assistir o trabalho Tempo e Espaço: os solos da Marrabenta de Panaibra Gabriel Canda (Moçambique). Ao final da forte e potente apresentação do artista, foi o momento da nossa conversa com ele. Conversas sobre África, Brasil e processos de colonização. Distinções, similaridades, comparações, reflexões. Questões sobre política, racismo e fomento à cultura estiveram presentes, marcando o encontro. Falamos ainda sobre o aspecto de retrocesso que tem acontecido mundialmente e fechamos aquele especial momento com um sonoro censura nunca mais, em uma faixa colocada no palco pelo coletivo e lida por Panaibra. Censura nunca mais. Nunca mais!
Ao final do evento uma foto com a equipe do Festival Contemporâneo de Dança de São paulo e com os artistas de Moçambique, Panaibra Gabriel Canda e Jorge Domingos. Faz bem registrar os momentos especiais que compõem a nossa história, experiência e vivência. Coletiva e individualmente. Cada pessoa das 12, embora estivessem juntas, tivessem caminhado pelos mesmos caminhos e visto o mesmo espetáculo, carregaria dali para diante uma memória sua, infinita e particular. Gostamos dessa parte.
Depois o retorno: dois metrôs, um trem e um ônibus. O regresso para periferia, nossa escola, nossos lares. Durante o caminho conversas sobre as sensações sobre o tempo e espaço. O tempo e o espaço. A arte. A vida. Há arte. Há vida.
Nosso gigante agradecimento para Adriana Grechi, Amaury Cacciacarro e toda equipe do Festival Contemporâneo de Dança por mais uma vez - mais um ano - abrir esse espaço tão importante e possibilitar que estivéssemos vivendo esse grande deslocamento. Foi muito especial para nós estarmos ali. Em tempos de destruição da cultura e maior sucateamento da educação, essas ações são fundamentais para que a resistência se transforme em re-existência.